Mooji



NOVO!!


como lidar com as vasanas

um vídeo com profundos ensinamentos de como as tendências de comportamento e mentais podem ser a ponte para o reconhecimento da sua Verdadeira Identidade.





Investigação

meditação, prática e inquirição: quem está praticando? 
"Se você vai gastar um bom tempo de sua vida praticando, é bom saber quem é que pratica!"




Todos são faces do Eu Sou

Quem é o maior: Cristo, Buda, Maomé, Shiva, Krshna?





Palavras surgidas do Silêncio
Quando diz "eu" trata-se de um cocktail
do puro Ser com o condicionamento.
Pensamento condicionado... Mente condicionada...
Todos os seres têm provado este cocktail 
de puro Ser com a Mente. A mente é
a parte pensante do Ser, a parte criativa do Ser.

Quando o Ser não está identificado com a mente, 
- ainda que esta esteja ali - experimenta a si mesmo
como pura paz e puro gozo.

Mooji foi discípulo de Papaji. Aos pés de seu mestre, sua 
busca terminou.

Gatidão, Mooji, que hoje faz com que nossas buscas terminem!


***
No Youtube (com tradução para o português):

www.mooji.org

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Palavras que surgem do Silêncio

Enquanto seguir envolvido nos jogos mentais,
negarás a evidência, viverás uma vida
estreita e temerosa, e não aprenderás nada
porque te fias no passado, seus "truquezinhos".
Ainda está ocupado, trabalhando os apegos
de teu organismo corpo-mente.
Gostaria que deixasse para trás tudo isso.
A poda é interminvel.
Arranca a raiz!!

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Amor meu, deixe de lado todo esse infrutífero pensar
e vem repousar aqui, no silêncio do Ser.

Só o agora existe, e é o que você é.
Permaneça como tal. Não pode haver memória
no agora. A memória é passado, não agora.
Não pode haver uma história do agora: é novo.

Não há fragrância nem ninguém que a perceba.
Permaneça como o agora e nele,
além de qualquer conceito de agora
e de qualquer conceito de permanecer.

Isso que aparece dentro do todo,
mas que em si mesmo nem aparece nem desaparece;
Isso que não pode nem partir nem chegar,
pois é infinito e imutável,
Reconheça como teu próprio ser natural e sem esforço.

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Foca tua mente no "sou", que é puro e simples Ser.
Está somente aqui e agora. Contempla o significado
de estar completamente aqui e completamente agora.

Para isso, deves abandonar tudo, permanecendo
tão somente como consciência e presença aqui agora.

Isto é coração, Isto é Ser.

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Maturidade é uma ideia. Se te apegas a ela, sufocarás,
te manterás na busca de mais maturidade.
Não apenas estás pronto, estás mais que maduro!
O que aponto é o que já és,
não aquilo no qual terias que te converter.

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Iluminação - um diálogo com Mooji


Questionador: Mooji, é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação? Alguém já se tornou iluminado ou despertou através de estar vindo a Satsang; e se sim, você poderia dizer quem?
Mooji: Em verdade não é possível se tornar iluminado assim como você coloca, pois não há ninguém por assim dizer para se tornar iluminado em primeiro lugar. O firme reconhecimento, ou a realização de que não existe em realidade um 'alguém' para alcançar a iluminação, e que nunca em tempo nenhum poderá haver tal entidade, seja agora ou no futuro, para alcançar tal estado, é o que vem a ser a Iluminação. Esta é a verdade derradeira.

Você pergunta: 'Se já alguém, por vir a Satsang, se tornou desperto'. Isto já foi respondido na minha resposta prévia mas vou ainda adicionar que o que tem havido e continua a se dar é um constante reconhecimento do fato que a identidade-ego é um mito, um personagem fictício. Esta, por assim dizer, individualidade, é uma expressão da pura Consciência/Ser e não o fato ou a definição do Ser. Este Ser permanece por detrás como a testemunha ou a observação dos fenômenos surgindo espontaneamente na consciência. Este Ser verdadeiro é somente a sem-forma e sem-nome presença que surge e brilha como paz, alegria e felicidade sentidos como contentamento amoroso. Quando este reconhecimento ocorre dentro de cada indivíduo, ou expressão da consciência conhecido como 'pessoa', este estado é chamado de 'despertar' ou 'iluminação'

Você me pede para eu apontar se existe alguém assim aqui presente? Na linguagem comum eu direi que um número de pessoas aqui chegaram neste ponto de ver/ser claramente além de apenas uma mera aceitação ou entendimento intelectual ou acadêmico. No entanto, as tendências mentais e identificações não são completamente destruídas, e o sentido de ego fazendo-se passar pelo assento da realidade continua a aparecer, embora já exposto através da inquirição como uma mera ilusão. Isto é natural. A tarefa e o desafio aqui é trazer repetidamente esta individualidade-Eu de volta ao coração/fonte quando ela surgir, e treinando a atenção a permanecer na fonte, que é o seu verdadeiro ser, gradualmente ela funde-se na fonte e se torna a própria fonte.

Finalmente, quem poderia ser esse 'eu' quem clamaria: 'Eu o tenho', ou 'Eu sou uma pessoa realizada'. Quem ou o que pode possuir a Iluminação? Não é o mesmo ego? Percebe o meu ponto?

No entanto, alguns Mestres de fato declararam e se afirmaram como a pura realidade, sem qualidades, e falaram a partir desta direta convicção/sabedoria livre do ego. Isto também é correto na minha visão e é muito refrescante, natural e com autoridade, para que saibamos que não é possível emoldurar ou limitar o ser puro por nenhum padrão ou lógica humana.
Q: Mas eu me sinto como 'alguém', eu não posso sentir-me como 'ninguém'.
M: Novamente você coloca este 'meu ser' como um objeto de percepção. Como você pode ser um objeto? Um objeto deve ter um sujeito que o percebe. Se o sujeito também é percebido, ele automaticamente se torna um objeto, e deve ter um sujeito ainda mais profundo para percebê-lo. Percebe? Você não pode ser nenhum objeto percebido, você deve ser aquele que percebe, o sujeito. Quem ou o que é o 'você' que percebe? Perceba isso. A sua afirmação: ' Eu me sinto como um alguém' contém três aspectos: Eu, meus sentimentos, e o alguém que eu considero ser. Este alguém é meramente a sua idéia de si mesmo, não o seu ser real. E os seus sentimentos, são meramente os sentimentos que dizem respeito a essa idéia de si mesmo. Finalmente existe aquele um que é o sujeito quem percebe esta observação. Estou certo?
Q: Sim.
M: Quem ou o que é você exatamente ?
Q: Eu sou eu, o meu ser!
M: E o que exatamente é isso?
Q: Eu! Ou melhor, a minha idéia de mim mesmo.
M: Então, não o corpo?
Q: Não, Eu sei que eu não sou o corpo.
M: Como você sabe que não é o corpo?
Q: Eu posso ver o meu corpo e eu simplesmente sei que não é isso que eu sou, embora algumas vezes eu sinta que eu sou isso também.
M: Ok, muito bem. Podemos voltar para a sua resposta que você é o seu conhecimento de si mesmo? Você tem certeza que é o conhecimento do seu ser e não meramente o conhecimento da idéia do seu ser ou de sua personalidade? Como é que você veio a conhecer-se? Como você está conhecendo o seu ser aqui e agora?
Q: Quando eu comecei a perceber as outras coisas e as pessoas.
M: Sim, e como perceber o outro te traz para você mesmo?
Q: Porque eu sei que eu estou percebendo. E que eu tenho que estar ali para perceber.
M: Então nenhum objeto percebido pode ser você, estou certo?
Q: Certo.
M: Exatamente! Muito bom! Agora então quem ou o que exatamente é isso que percebe ou nota qualquer coisa?
Q: Eu! Isto!
M: Este 'eu' é o mesmo que 'isto'?
Q: Sim.
M: E novamente o que é isso? Qual é a sua qualidade, sua substância? O que te compõe exatamente? Olhe e me diga. É algum 'você' particular? Uma pessoa? Distinto dela ou dele ou deles?
Q: Bem, sim...não...é vago, eu não vejo bem.
M: Mantenha-se concentrado, não disperse, esteja sereno e veja. O que você é aqui? Nesta observação, você pode dizer?
Q: Eu não sou nenhuma pessoa ou coisa alguma, mas eu não sei o que eu sou. Não há nada aqui, eu não posso responder isso. Há um sentimento de não querer olhar, de cansaço, resistência ou irritabilidade.
M: Ok. Não se engaje em nenhuma avaliação, não toque em nada, apenas seja um com este observar. Fique aqui sem ter que tentar.

(Há uma longa pausa aqui).

Você parece confuso, com o quê você está atrapalhado?
Q: Existe apenas este vazio.
M: O que está testemunhando este vazio?

(o questionador olha para cima e sorri, olhos fixos em Mooji)
M: De onde este sorriso está vindo?

(Silêncio...)
Q: Eu não sei, há um sentimento de alívio, espaço e paz, um tipo de leveza.
M: Um tipo?
Q: Não. Leveza, espaço e paz.
M: Esta leveza e paz brilha onde não há ninguém. Isto é paz. Isto é alegria real. Isto é puro amor. Apenas agora não se apóie nisso. Não possua ou clame isso. Permaneça a testemunha.
Q: Sim, sim (sorrindo). Eu vejo que eu sou apenas a testemunha aqui. Obrigada. (ela prosta suas mãos na forma de cumprimento/agradecimento tradicional Indiano).
M: Não vá embora já não.

(alguns momentos passam)

Agora deixe de ser a testemunha.
Q: Eu estou confusa.
M: Não, você não está confusa. A confusão está sendo testemunhada. Não se identifique com isso. O que permanece? Não toque em nada, mesmo a testemunha, não seja 'uma' testemunha. Testemunhando sem 'uma' testemunha, você entende?
Q: Sim.
M: Quem é que está entendendo ?
Q: Ninguém, apenas entendendo.
M: Muito bom. Estou muito feliz em te encontrar. Agora deste lugar sem localização em total vazio como o vazio, além do conceito de vazio, você É sem nenhum esforço. Você não se tornou isto ou ganhou isto porque não há ninguém aqui para ganhar qualquer coisa. A partir, ainda que de dentro desta indescritível consciência, a consciência nasce e brilha como o Eu que percebe. E o que quer que surja aqui são meras formas aparentes da consciência-Eu sendo percebidas.
Q: Obrigado.
M: Seja bem-vindo.





Papaji iluminou-se com Ramana Maharshi.




Não olhe para o pensamento, mas olhe para o que está seguindo o pensamento desde a consciência interna até o objeto exterior. 

O que segue o pensamento também é um pensamento! 
O que segue o pensamento está no pensamento. 
Quando você sabe que ambos são pensamentos, 
Você está em casa. 
Então, permita pensamentos surgirem 
e permita serem seguidos. 
Você permanece como Aquele Impassível 
o Ser Desinteressado. 
Esta é a mais alta compreensão.

PAPAJI



I

Ser é o que você é


Você é aquele Insondável

Onde toda experiência e conceitos aparecem.

Ser é o Momento em que não há o ir e vir.

Isto é o Coração, a Fonte, o Vazio.

Isto brilha de Si, por Si, em Si.

Ser é o que dá o sopro a Vida.

Você não precisa procurar por Isto, Isto está Aqui.

Você é Isto através do que você procura.
Você é Isto que você procura !
E Isto é Tudo o que é.
Somente o Ser é.

II
Você é Aquele que está cônscio
Da consciência dos objetos e idéias.
Você é Aquele que é ainda mais silencioso do que consciente.
Você é a Vida que precede o conceito de vida.
Sua natureza é silêncio e isto não é alcançável,
Isto sempre é.
Você é o Vazio, a Suprema Essência:
Remova o Vazio do Vazio
Deixe somente o Vazio pois não há nada além disso.
Vazio está entre o “é” e o “não é”
E nada esta fora do Vazio, então isto é Cheio.
Para ser Livre, você precisa da firme convicção
De que você é este Substrato, esta Paz, este Vazio.
Tudo emerge disso,
Baila em volta disso
E retorna para Isto.
Como o Oceano emerge numa onda para dançar,
Assim, você é este Vazio Dançante!





 Somente a Verdade é e você é Ela!
 Você é a Consciência imutável onde todas as atividades acontecem.
 Negar isso é sofrer, saber disso é Liberdade. E não é difícil realizar isso porque  essa é sua  
 Verdadeira Natureza. Simplesmente pergunte ‘QUEM SOU EU?’, e observe cuidadosamente.
 Não faça esforço, nem emita nenhum pensamento. Olhe internamente, aproxime-se com toda
 devoção e fique no Coração. Continue vigilante e você verá que nada aflora. Este é o truque de
 como manter a mente quieta e alcançar a Liberdade. Isto não leva tempo porque a Liberdade  
 é sempre Aqui. Você simplesmente deve observar: de onde surge a mente? De onde vem os
 pensamentos? Qual é a fonte do pensamento? Então você poderá ver que tem sido sempre
 Livre e que tudo tem sido um sonho”
                                                                                   

                       
Você precisa do passado e pensamentos para sofrer,
 Você não precisa de nada para ser livre
 O peso do passado descansa em seu peito e destrói sua vida e sua  liberdade.
 Remova-os encontrando a origem do pensamento EU.
 A liberdade o espera, mas você está engajado em alguma outra coisa
 Não se amarre a qualquer coisa do passado ou do futuro, porque isso não funciona!
 Seja apegado somente a este Momento.
 Quando você segura alguma outra coisa além de sua verdadeira natureza
 Você se sentirá em distúrbio
 Por apegar-se a coisas passageiras
 Você declara a você mesmo
 Que não é a completude em que tudo está
 Possuir é um véu, uma mentira
 Ser é totalidade, dessa forma não é possível possuir ou desejar
 Todos são budas, você tem que quebrar o apego, a identificação,
 Você deve renunciar, senão você trapaceia com você mesmo
 Na roda da vida e da morte com todos os seus apegos
 O apego é um demônio, o apego é um problema

 Porque nosso apego acaba sendo nossa realidade

 Somente em Satsang isso é removido
 Não deixe sua mente ir para fora do seu coração!
 Todo mundo esta perdido nestes apegos de fora,
 Não somente você.
 Se qualquer desses apegos dá a você felicidade e paz mental
 Então esteja com ele, pois não é chegado o tempo de deixá-lo.
 Mas se você vê a cobra picando seu calcanhar, então é o tempo de deixá-lo.
 Não tem uso experimentar o que já foi experimentado.
 Se você sabe que o fogo queima, não tem necessidade de ser queimado novamente.
 Igual a isto, evite apegos como o fogo porque eles queimarão você.
 Quando sua intoxicação depende de alguma outra coisa, você está enganando a você mesmo.”
                                                

(Traduzido por Shanti, em amor)

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Ramana Maharshi


Trechos do livro:
OSBORNE, Arthur. Os ensinamentos de Ramana Maharshi em sua próprias palavras. Trancoso: Editora Advaita, 2008. 242p.


A essência da mente é apenas atenção ou consciência. Entretanto, quando o ego nubla a mente, esta adota as funções de raciocínio, pensamento e percepção. A mente universal, não sendo limitada pelo ego, não tem nada exterior a si, e portanto ela é apenas consciência. É isso o que a Bíblia quer dizer com “EU SOU O QUE EU SOU”.



Podem os pensamentos obsessivos surgir sem o ego? E pode haver ilusão sem esses pensamentos?





Algumas pessoas que vêm aqui, ao invés de perguntarem sobre si mesmas, fazem perguntas a respeito do Jivanmukta (o libertado enquanto no corpo): Ele vê o mundo? Ele está sujeito ao karma? Pode-se alcançar a Libertação enquanto neste corpo ou só  após a morte? O corpo do Sábio se funde na luz ou desaparece miraculosamente do mundo? Pode alguém ser libertado após a morte? Suas perguntas são infindáveis. Por que se preocupar com essas coisas? Por acaso a Libertação consiste em saber as respostas para essas perguntas? Então eu lhes respondo: “Não se preocupe com a Libertação. Primeiro descubra se há aprisionamento. Investigue a você mesmo primeiro”.1



Às vezes ele apontava que mesmo falar de Auto-Realização é uma ilusão – uma saída

ilusória de uma prisão ilusória.



B.: De certa forma, falar-se de Auto-Realização é uma ilusão. É apenas porque as

pessoas tem vivido na ilusão de que o não-Eu é o Eu, e de que o irreal é o Real, que elas precisam ser curadas [dessa falsa percepção] por outra ilusão chamada “Auto-Realização” – pois, na verdade, o Eu Real é sempre o Eu Real, e não existe tal coisa de “realizá-lo”. Quem vai realizar o quê, e como, se tudo o que existe é o Eu Real e apenas o Eu Real?




COMENTÁRIO DE ARTUR OSBORNE
Quem vai realizar o quê, e como, se tudo o que existe é o Eu Real e apenas o Eu Real?
Uma coisa que obstrui o entendimento, em especial dos teólogos, é o contraste entre a
Auto-Realização e a santidade, e a idéia equivocada de que isso representa uma diferença substancial entre as várias tradições religiosas – umas se esforçando para alcançar a santidade e outras para alcançar a Realização. Tal idéia é completamente inconsistente.
Existiram santos em todas as religiões, no Hinduísmo e nas outras também. Eles são bastante diferentes entre si, tanto nas características pessoais – do extático ao sereno, do austero ao benevolente, do filósofo sutil ao de mente simples – quanto no “nível espiritual”.
Alguns possuíam poderes sobrenaturais, outros viviam embriagados na beatitude divina, outros ainda se entregaram ao serviço amoroso à humanidade – mas todos tinham uma característica em comum: uma pureza além da do homem comum. Pode-se dizer que seu estado é divino mesmo morando na terra. No entanto, a Auto-Realização não está nisso tudo. Tudo isso existe num estado de dualidade, no qual Deus ou Atman (Eu Real) é o “outro”, no qual a prece é necessária e a revelação, possível. Rigorosamente falando, esses santos estão tão longe da Auto-Realização quanto o homem comum, pois não existe uma escala matemática entre o Absoluto e o condicionado (relativo), entre o Infinito e o limitado. Um milhão não está mais perto do Infinito do que mil. Esse abismo completo é ilustrado pela história budista do homem que viaja ao mundo procurando a jóia perdida que sempre esteve no seu pescoço. Quando finalmente ele a “encontra”, percebe que todos os seus anos de busca e peregrinação não o trouxeram mais perto da jóia. No entanto, se ele não tivesse buscado encontrá-la, nunca a teria achado. Da mesma forma, em sentido relativo pode-se dizer que o santo está mais perto da Realização que o homem comum, assim como é mais fácil para um homem comum alcançar a Realização do que para um cachorro, apesar de os dois estarem igualmente presos à ilusão de existir como um ser individual.


Você fala da visão de Shiva, e uma visão sempre presume a existência de um objeto e de um sujeito. A visão vale tanto quanto aquele que a vê. Ou seja, a natureza da visão está no mesmo plano que a natureza do observador. Por isso, uma visão nunca poderá ser eterna. Mas Shiva é eterno. A visão de Shiva implica na existência dos olhos que a vêem, do intelecto por detrás da visão, e finalmente da Consciência por detrás do observador. Essa visão não é tão real quanto você imagina, porque ela não é íntima e inerente; não é de primeira mão. Ela é o resultado de sucessivas fases de Consciência. Apenas a Consciência em si é imutável, eterna. Ela é Shiva. Uma visão implica em alguém para vê-la, mas este alguém não pode negar a existência do Eu. Não há um único momento em que o Eu Real, sendo Consciência, não exista, e nem pode o observador permanecer separado da Consciência. Esta Consciência é o Ser Eterno e é apenas o Ser. O observador não pode ver [objetivamente] a si mesmo. Por acaso o observador nega sua própria existência pois não pode se ver [objetivamente] como vê uma visão? Não; então a visão verdadeira não significa ver mas sim ser. SER é realizar – logo, “EU SOU O QUE EU SOU”. “EU SOU” é Shiva. Nada mais pode ser sem Ele. Todas as coisas têm seu ser em Shiva, por causa de Shiva. Portanto investigue: Quem sou eu?” Mergulhe profundamente no interior e permaneça como Eu Real. Isso é Shiva como SER. Não espere ter mais visões Dele. Qual a diferença entre os objetos que você vê e Shiva? Ele é tanto o sujeito como o objeto. Você não pode existir sem Shiva. Shiva é sempre realizado, aqui e agora. Se você pensa que não O realizou você está errado. Este é o obstáculo à Realização. Abandone esse pensamento e [então verá que] a Realização está aí.
D.: Sim, mas como posso fazer isso o mais rápido possível?
B.: Isso já é outro obstáculo à Realização. Pode haver um ser individual sem Shiva? Mesmo agora Ele é você. Não há o problema do tempo. Se existisse algum momento de não-realização, então a questão da realização poderia surgir. Mas você não pode ser sem Ele. Ele já é realizado, eternamente realizado, e nunca não-realizado. Entregue-se a Ele e sujeite-se à Sua vontade, quer Ele apareça ou desapareça; aguarde Seu capricho. Se você espera que Ele aja como você quer, isso é ordem e não entrega. Você não pode pedir que Ele lhe obedeça e ainda assim pensar que se entregou. Ele sabe o que é melhor para você, e como e quando fazê-lo. Deixe tudo inteiramente com Ele. O fardo é Dele. Você não deve mais se preocupar. Todos as suas preocupações são na verdade Dele. Isso é entrega. Isso é bhakti.1
D.: Mas a visão de Deus é algo glorioso.
B.: A visão de Deus é apenas a visão do Eu Real objetivada como o Deus da sua fé particular. O que você precisa fazer é conhecer o Eu real.

Nenhum poder oculto (siddhi) pode estender-se até a Auto-Realização, muito menos ir além dela. As pessoas que não estão contentes com a idéia de alcançar Jnana desejam obter poderes ocultos. Elas assim estão inclinadas a esquecer a felicidade suprema da Realização pela busca de poderes. Em busca desses, elas seguem por vias secundárias ao invés de andarem pela estrada principal, e assim se arriscam a perderem-se no caminho. A fim de guiá-las corretamente e mantê-las na via principal, lhes é dito que os poderes vêm junto com a Realização (Jnana). Na verdade, a Realização abarca tudo, e o Iluminado não desperdiça nem um único pensamento nos poderes. Que primeiro as pessoas alcancem Jnana, e depois elas podem buscar poderes se ainda os desejarem.



"Realização é simplesmente a perda do ego. Destrua o ego pela procura da sua identidade. Uma vez que o ego não é nenhuma entidade, ele automaticamente desaparecerá, e a realidade irá brilhar por si mesma."

Sri Ramana Maharshi



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